quarta-feira, 17 de outubro de 2007

penso, logo desisto.


Ele deu um último trago no cigarro amassado e atirou a bituca nos trilhos. O trem passou por cima, mas a brasa continuou lá, acesa. "De nada adianta a minha vontade", pensou.
Entrou no vagão e sentou-se ao lado de um "mano" que exalava álcool.
O trem ia mais devagar do que de costume. Pensou no dia que teve. O pior do mês até então.
Viu a bateria do celular se apagando. "Dane-se, ninguém iria ligar". Deixou-se hipnotizar pelas imagens escuras passando pela janela.
Desceu do vagão e ao por os pés no chão constatou: "Estação errada...". Não deu nem mais um passo. As pessoas esbarravam nele. Ele não se moveu. Virou estátua na beira da plataforma.
Olhou para o mostrador que indicava que o trem seguinte chegaria em 4 minutos. "Dá tempo pra mais um cigarro", pensou inerte. E teve tempo para pensar. E pensou em tudo que já não tinha mais. E nas paisagens que suas mão já não alcançavam. E pensou na solidão, a única companhia.
Até que a luz do farol do próximo trem acordou seus pensamentos. "... ". Não pensou em mais nada. E deu um passo para trás.



Baseado em uma história real.