quarta-feira, 17 de outubro de 2007

penso, logo desisto.


Ele deu um último trago no cigarro amassado e atirou a bituca nos trilhos. O trem passou por cima, mas a brasa continuou lá, acesa. "De nada adianta a minha vontade", pensou.
Entrou no vagão e sentou-se ao lado de um "mano" que exalava álcool.
O trem ia mais devagar do que de costume. Pensou no dia que teve. O pior do mês até então.
Viu a bateria do celular se apagando. "Dane-se, ninguém iria ligar". Deixou-se hipnotizar pelas imagens escuras passando pela janela.
Desceu do vagão e ao por os pés no chão constatou: "Estação errada...". Não deu nem mais um passo. As pessoas esbarravam nele. Ele não se moveu. Virou estátua na beira da plataforma.
Olhou para o mostrador que indicava que o trem seguinte chegaria em 4 minutos. "Dá tempo pra mais um cigarro", pensou inerte. E teve tempo para pensar. E pensou em tudo que já não tinha mais. E nas paisagens que suas mão já não alcançavam. E pensou na solidão, a única companhia.
Até que a luz do farol do próximo trem acordou seus pensamentos. "... ". Não pensou em mais nada. E deu um passo para trás.



Baseado em uma história real.



domingo, 7 de outubro de 2007

take me to the place I came from

I'm in the zoo

Sim, tô exilada na Zooropa.
Se sair não entro, se ficar enlouqueço.
A verdade é que me sinto em Cuba. E antes que surja a dúvida, não, não estou ilegal. É todo um processo burrocrático que não vale ser contado. O fato é que estou presa aqui devido à incapacidade neurológica alheia.
Um bicho na jaula, correndo de um lado para outro, se jogando contra a grade, sem comer nem dormir, com feridas ex e internas, sangrando no cimento, observado por seres apáticos.
Pondere: eu, sem liberdade de ir e vir, por culpa de outrem = vulcãozinho iniciando atividade, um cataclismo natural.
Isso não vai acabar bem. Ao menos não como eles gostaríam.

tô com ânsia

Algo aqui no peito, que não passava há muito, e eu sem saber...
TPM? Não. Precisando de sexo? Não. Inferno astral, um cigarro, um baseado, um porre? Nããão.
E nada de passar.
Trabalhei demais, respondi emails demais, cruzei o oceano 4 vezes. Nada.
Procurei dentro, fora, na TV, no iPod, em doces e balas de goma, em bocas finas e costas largas. Nada.
E aí, com meus dedinhos limpos e agitados, e as unhas por fazer, percebi que o que eu precisava... era escrever.

Catarse, pequena A, catarse.